Sim. Em pouco tempo a energia solar será mais barata que a gerada pela queima de carvão mineral. Essa é a previsão de várias agências internacionais, que apontam: em menos de uma década a energia fotovoltaica terá o menor custo em quase todo o mundo, em comparação com fontes convencionais como o carvão, o petróleo, o gás natural e a água que movimenta as usinas hidroelétricas.
A Bloomberg New Energy Finance, por exemplo, aponta que já em 2025 o custo global médio da energia solar poderá ser menor que o do carvão. E isso já é uma realidade em alguns países. Exemplos? Em 2016, Chile e Emirados Árabes Unidos bateram recordes em negócios com geração de energia solar produzida por menos de US$ 0,03 por kilowatt-hora. Isto equivale à metade do custo global da energia gerada por carvão.
A comparação com o carvão se deve ao fato de que esse combustível fóssil é hoje a maior fonte de energia elétrica do planeta, respondendo por 41% da produção total de eletricidade e por 26% da geração de energia primária, que engloba atividades como a alimentação de caldeiras industriais. Enquanto isso, o petróleo responde por 34% da geração de energia no mundo.
O carvão é o gerador de energia mais utilizado na China e na Índia. Aqui no Brasil, de acordo com o Atlas de Energia Elétrica da Aneel – a Agência Nacional de Energia Elétrica) -, 75% da produção de energia provém de usinas hidrelétricas e 25% de fontes térmicas que incluem as termelétricas, movidas a carvão.
O problema desse combustível está no seu potencial poluidor: além de formar substâncias como ácido sulfúrico e sulfato ferroso, que vão para o subsolo contaminando solos, rios e lagos, a queima do carvão libera substâncias como o gás carbônico, que provocam poluição atmosférica, efeito estufa, fuligem e chuvas ácidas. Basta lembrar que na China, o maior produtor mundial de carvão, as pessoas precisam andar nas ruas com máscaras para se protegerem da intensa poluição atmosférica, e que o gás carbônico é emitido, principalmente, pelo uso de combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural.
E a energia solar no Brasil?
No Brasil, rico em recursos hídricos não poluentes, mas que demandam milhões em investimentos na construção de usinas com impacto ambiental, energias renováveis como a eólica (vento) e a fotovoltaica (sol) podem ser a solução para um sistema à beira do colapso. “A energia proveniente do sol pode ser utilizada diretamente para o aquecimento do ambiente, aquecimento de água e para produção de eletricidade, com possibilidade de reduzir em 70% o consumo de energia convencional” – diz o mestre em bioenergia André Lazarin Gallina, mestre pela Universidade Estadual do Centro-oeste (Unicentro). “As tecnologias solares fotovoltaicas (FV) usam semicondutores para converter fótons de luz diretamente em eletricidade. Como ocorreu com a eólica, a capacidade instalada de células FV aumentou na última década. A capacidade solar FV conectada à rede aumentou 60% por ano de 2000 a 2004” – complementa.
Com demanda crescente e aperfeiçoamento dos painéis solares pela indústria, o custo de instalação de um sistema fotovoltaico começa a cair e a geração se torna mais atrativa para empresas, indústrias ou consumidores residenciais. “Toda vez que você dobra a capacidade de produção, você reduz o preço em 20%” – diz Adnan Amin, diretor geral da International Renewable Energy Agency.
Energia limpa, renovável, com investimento retornável em cinco a sete anos e que, somada a um plano de utilização consciente pode reduz o consumo. E tudo isso num país ensolarado? Vantagens que levam os sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica a se tornarem “a tecnologia de geração com maior crescimento no mundo”, segundo a Aneel. Sem carvão nem gás carbônico.