Após sete meses de investigação, os peritos da Polícia Federal concluíram que o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro, em setembro de 2018, começou com um curto-circuito no ar-condicionado.
Três aparelhos estavam ligados no mesmo disjuntor, a popular gambiarra. Isso causou aquecimento, que provocou um curto-circuito em um dos aparelhos no auditório do primeiro andar do museu.
“Deveria ter um disjuntor para cada ar-condicionado. No caso específico do auditório, era um disjuntor para três máquinas” – declarou o perito Marco Antônio Zatta, que participou da investigação.
Brasil: o país das gambiarras que geram curto-circuito no ar-condicionado!
Infelizmente, “país das gambiarras” é um título que não gostaríamos de ter. Mas o fato é que os casos de incêndios e mortes provocados por gambiarras no ar condicionado se multiplicam por aqui.
- Assim como ocorreu no Museu Nacional, uma gambiarra no ar condicionado é apontada, até o momento, como causa do acidente no Ninho do Urubu. O incêndio ocorreu no Centro de Treinamentos do Flamengo e matou 10 jogadores das categorias de base do clube, no início de fevereiro.
- Em fevereiro de 2019, o prédio da Justiça Federal em Andradina (SP) pegou fogo após um curto-circuito no ar-condicionado.
- O Instituto do Coração, pelo mesmo motivo, pegou fogo no início do ano.
- Em 1974, em São Paulo, um curto em ar-condicionado causou o incêndio do Edifício Joelma. 180 pessoas morreram. Fica o alerta: avaliação das instalações elétricas é proteção à vida!
De acordo com o Anuário Estatístico Brasileiro dos Acidentes de Origem Elétrica da Abracopel, ventiladores e aparelhos de ar condicionado foram os responsáveis pela maioria dos incêndios de origem elétrica no ano passado.
Segundo o anuário, em 2018 o número de incêndios por curto aumentou 20% em relação a 2017, saltando de 451 para 537 ocorrências. E como a maioria dos incêndios por sobrecarga começou no aparelho de ar-condicionado, o alerta é para o cuidado com esse equipamento.
Por que aparelhos de ar condicionado estão causando tantos incêndios no Brasil?
A resposta é simples: o ar-condicionado possui alta potência e, se não tiver instalações adequadas, superaquece causando curtos. Para evitar problemas com esses aparelhos tão requisitados no Brasil – tanto para refrescar nas regiões quentes quanto para aquecer as localidades frias – é necessário tomar alguns cuidados.
- Cada ar-condicionado deve ter circuito elétrico próprio, com tomada própria e disjuntor separado no quadro de luz. Nesse caso, se houver sobrecarga, o disjuntor desligará e o risco de curto e, consequentemente, de incêndio, será minimizado.
- Portanto, nunca usar benjamim (ou “tê”) e réguas. Ou seja, não compartilhar a tomada do ar-condicionado com outros eletrônicos! Veja aqui o nosso vídeo sobre os perigos dos benjamins.
- Cabo que aquece: sinal de problema!
- Cheiro de queimado, muita água escorrendo, tomada com coloração escura? Perigo!
- Fazer a manutenção do aparelho e, periodicamente, nas instalações elétricas.
- A edificação precisa ter um sistema competente de aterramento. Se este não estiver funcionando bem, um sobreaquecimento no ar-condicionado pode causar incêndio.
- Se você tem uma empresa e utiliza vários aparelhos de ar-condicionado, procure fazer uma avaliação das instalações elétricas. Seus cabos/condutores e disjuntores podem estar abaixo da capacidade necessária para comportar o consumo. Quando isso acontece, há desperdício de energia com aumento na conta de luz. E grandes chances de quedas de energia, curtos e incêndios.
Gambiarra mata!
As gambiarras são culturais no Brasil. De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre), em parceria com a Abracopel, instalações residenciais malfeitas causaram a morte de 171 brasileiros em 2016.
A pesquisa apontou que as gambiarras são a principal causa de acidentes fatais com eletricidade no país!
Os acidentes, fatais ou não, ocorrem porque as instalações mal projetadas e dimensionadas não suportam a carga de energia em uso. Isso gera:
- superaquecimento
- curtos
- choques
- interrupções
- aumento na conta de luz
- queima de equipamentos
- incêndios
- mortes.
Perigo nas casas e nas empresas
O pior é que as gambiarras não constituem uma prática comum apenas nas periferias das cidades, onde moradores “puxam cabos” da rede elétrica para abastecer suas residências sem pagar energia.
Elas também são amplamente utilizadas em empresas que “puxam um cabo” aqui, uma extensão ali, uma tomada lá, um disjuntor a mais no quadro elétrico acolá… E pronto! Está montado o cenário do perigo.
“As empresas que fazem gambiarras elétricas esquecem que o aumento de carga elétrica pode ser excessivo para os disjuntores e para a potência dos cabos. Isso exige a readequação das instalações elétricas, com a troca de quadros de distribuição e a implantação de sistemas de aterramento e proteção contra surtos” – explica Osmar Nascimento Costa, engenheiro-eletricista sócio da OMS Engenharia. Veja as informações completas sobre esse assunto em nosso post sobre os perigos das gambiarras.
A Gambiarra do Museu Nacional
No caso do incêndio que destruiu quase todo o acervo do Museu Nacional, a perícia concluiu que o fogo começou no ar-condicionado. Mas não apontou apenas esse foco como causa do acidente. E sim uma série de gambiarras em toda a infraestrutura elétrica do museu. A conclusão da PF foi que o incêndio poderia ter sido evitado se o sistema elétrico da edificação fosse adequado.
Entenda mais sobre os perigos da falta de manutenção elétrica. E também sobre os benefícios, inclusive financeiros, de mantê-la em dia. Como sempre dizemos aqui na OMS Engenharia: faça manutenção, faça um laudo elétrico para avaliar as condições das instalações elétricas, não deixe sua empresa “virar um Museu Nacional”.