Periodicamente, as corporações precisam avaliar se o seu sistema de aterramento está funcional, em boas condições de conservação e corretamente dimensionado, garantindo que as instalações elétricas operem em segurança e conformidade com as normas vigentes. O resultado dessa avaliação é o laudo de aterramento, um documento técnico que descreve as condições do aterramento de uma edificação.
Elaborado por engenheiros eletricistas ou profissionais habilitados pelo CREA, ele é frequentemente exigido em instalações industriais e comerciais.
O laudo de aterramento é extremamente importante porque atesta a confiabilidade do sistema de aterramento, infraestrutura responsável por dissipar energias anômalas das edificações para o solo.
Com isso, ele ajuda as corporações a evitarem acidentes com raios, descargas elétricas e energia estática, além de mitigar problemas de resistividade que afetam as máquinas e reduzem a produtividade industrial.
Neste guia completo sobre laudo de aterramento, você saberá que problemas ele evita, quando e como deve ser realizado para oferecer a segurança elétrica que a sua empresa precisa. E tudo isso em 7 perguntas e respostas que você confere logo após o índice. Boa leitura!
1. Qual é a finalidade do laudo de aterramento?
A função essencial do laudo de aterramento é assegurar que o sistema de aterramento de uma instalação atenda aos padrões de segurança normativos, proporcionando proteção contra riscos elétricos e assegurando o correto funcionamento dos equipamentos em indústrias e empresas.
Seu objetivo principal é identificar problemas na estrutura de aterramento e indicar as possíveis soluções para corrigi-los.
Por isso, o laudo acaba sendo crucial para garantir a funcionalidade e a conformidade do aterramento, proporcionando maior proteção aos colaboradores que interagem com os sistemas elétricos das empresas.
2. Como o laudo eleva a segurança elétrica?
Um aterramento bem dimensionado e funcional é imprescindível para garantir a segurança e a eficiência do sistema elétrico de uma instalação.
Isso ocorre porque um sistema de aterramento funcional, com laudo em dia e coerente com as normas:
- Garante que as correntes de fuga se dissipem corretamente no solo e não causem interferências indesejadas na planta industrial. Com isso, o laudo de aterramento contribui para a eficiência da instalação elétrica.
- Ajuda a evitar o acúmulo de energia estática em estruturas metálicas e equipamentos, reduzindo com isso o risco de choques elétricos, acidentes e explosões.
- Protege os equipamentos elétricos fornecendo um caminho de baixa resistência para a corrente elétrica em caso de falhas, ajudando a prevenir danos aos dispositivos conectados ao sistema de aterramento.
- Como parte do Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) ou isoladamente (em edificações de menor porte), o sistema de aterramento dissipa os raios no solo, evitando que eles danifiquem os equipamentos conectados ao sistema elétrico da edificação ou afetem seres vivos.
“Outra função importante do laudo de aterramento é garantir às corporações a conformidade com normas, sendo um documento que atesta que o sistema está em acordo com os regulamentos locais” – explica o engenheiro eletricista Henrique Dariva, da OMS Engenharia.
Por isso, o laudo de aterramento é especialmente relevante em ambientes industriais, comerciais e corporativos onde a segurança elétrica é uma preocupação primordial. Mas, você pode estar perguntando…
3. O que o laudo de aterramento deve conter?
O laudo de aterramento reúne uma série de informações que são o resultado de avaliações minuciosas da infraestrutura de aterramento. Geralmente, ele costuma conter:
- A descrição completa do sistema de aterramento da empresa.
- Os resultados de testes de resistência de aterramento, que são importantes para garantir uma eficiente dissipação de correntes elétricas em caso de falhas.
- A avaliação da conformidade do sistema de aterramento em relação às normas, indicando se o sistema atende aos padrões de segurança ideais.
- Dados técnicos para acompanhamento, como data em que a inspeção foi realizada e nome e registro do profissional responsável pela análise.
- Caso sejam identificados problemas, o laudo de aterramento deve sugerir as recomendações para melhorar o sistema, incluindo ajustes, reparos ou atualizações.
Para que essas indicações sejam possíveis, o laudo de aterramento envolve testes e medições que ajudam a identificar problemas potenciais, bem como as recomendações para ajustes necessários ao bom funcionamento do sistema. Confira como esses testes são realizados, passo a passo!
4. Como o laudo de aterramento é realizado?
A elaboração de um laudo de aterramento envolve uma série de etapas, que geralmente são conduzidas por um engenheiro eletricista.
Confira as etapas do laudo de aterramento, passo a passo!
Passo 1 – Levantamento de informações
O primeiro passo é coletar projetos elétricos, diagramas unifilares, dados sobre equipamentos elétricos da empresa e todas as informações disponíveis sobre a instalação elétrica.
Passo 2 – Inspeção visual
Depois disso, a equipe de engenharia responsável pelo laudo realizará uma inspeção visual para identificar possíveis problemas.
Entre os problemas comuns estão a corrosão de eletrodos, conexões soltas, danos físicos e outras condições que possam afetar o sistema de aterramento.
Passo 3 – Medições de resistência de aterramento
Em seguida, a equipe fará medições para avaliar a resistência do sistema de aterramento. Isso é geralmente feito com instrumentos específicos, como terrômetros, para medir a resistência do solo e dos eletrodos de aterramento.
O teste de resistência é importante porque o solo pode sofrer variações de composição, umidade e compactação que afetam a passagem das correntes elétricas.
Solos com baixa resistividade ajudam o sistema de aterramento a dissipar melhor as correntes. Mas se oferecerem alta resistividade, pode ser necessário reforçar a malha de aterramento instalando, por exemplo, eletrodos mais profundos.
Passo 4 – Análise de potencial de toque
Em corporações com atividades críticas, é comum ser necessário realizar análises de potencial de toque.
São testes que asseguram que as estruturas e equipamentos estejam adequadamente aterrados, evitando que as pessoas levem choques ao tocar superfícies metálicas energizadas.
Passo 5 – Avaliação de conformidades
Por fim, a equipe responsável precisará verificar se os resultados das medições atendem aos requisitos de segurança estabelecidos por normas como a ABNT NBR 5410, que estabelece as condições mínimas de projeto, execução e instalação de sistemas elétricos de baixa tensão, incluindo o aterramento.
A conformidade com essa e outras normas é essencial para garantir a segurança elétrica na operação diária de empresas e indústrias.
Passo 6 – Emissão do laudo de aterramento e ART
Com base nas medições e na análise, o engenheiro responsável elabora um relatório com as conclusões sobre a eficácia do sistema de aterramento.
O relatório baseia a elaboração do laudo de aterramento, documento formal com todas as informações relevantes, dados técnicos, conclusões, recomendações e até mesmo cronograma para a implementação de melhorias.
O laudo de aterramento deve ser assinado pelo engenheiro responsável, que precisa ser registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
5. Que problemas podem acontecer nas empresas, indústrias e edifícios que não possuem um laudo de aterramento em dia?
A falta de um sistema de aterramento adequado e de um laudo de aterramento pode levar empresas e indústrias a sofrerem problemas como:
- Aumento significativo no risco de choques elétricos, especialmente em ambientes industriais e comerciais onde a presença de eletricidade é mais intensa.
- Danos aos equipamentos elétricos causados por surtos elétricos, falhas de isolamento e outras condições adversas.
- Equipamentos sensíveis podem sofrer interferências eletromagnéticas que afetam seu desempenho e confiabilidade.
- Perdas de eficiência energética com desperdício de energia e aumento nos custos operacionais.
- Falta de conformidade com normas resultando em multas, interdição de atividades, dificuldades com seguradoras e problemas legais.
- Risco de acidentes e incêndios com energia estática, especialmente em ambientes industriais onde falhas elétricas podem causar faíscas.
Portanto, manter um sistema de aterramento adequado e em conformidade, documentado por meio de laudos regulares, é essencial para garantir a segurança, eficiência e conformidade legal nas instalações elétricas de empresas, indústrias e edifícios.
Saiba mais sobre o sistema de aterramento clicando no link abaixo!
6. Quem é obrigado a ter um laudo de aterramento?
No Brasil, a exigência de um laudo de aterramento é mais comum em indústrias e comércios com instalações elétricas de maior porte.
A obrigatoriedade do laudo pode variar de acordo com normas e regulamentações locais, estaduais ou municipais.
Mesmo que não haja uma obrigatoriedade legal explícita, a elaboração de laudos de aterramento é uma prática recomendada para ambientes nos quais a segurança elétrica é uma prioridade.
Geralmente, o laudo de aterramento é realizado pelas empresas quando:
- A indústria tem seu alvará de funcionamento condicionado à instalação de um sistema de aterramento e, em caso de fiscalização, deve apresentar o laudo de aterramento.
- Novas cargas são acrescentadas ao sistema elétrico.
- A empresa apresenta sintomas de problemas, como distúrbios de energia e oscilações ou perda de desempenho das máquinas.
- A edificação é muito antiga.
- A corporação não possui ou não sabe como foi feito o projeto original de aterramento.
- Houve um incidente com descarga atmosférica.
- A empresa precisa comprovar que está adequada às normas.
7. Com que frequência o laudo de aterramento deve ser feito?
A norma NBR-5419 (2005) prescreve medições de aterramento a cada 3 anos para construções comuns e anualmente nas instalações críticas com maior risco de incêndios e explosões.
Além disso, recomenda-se que as empresas levem em conta a análise de riscos e as condições específicas da instalação para determinar a frequência das inspeções do sistema de aterramento e do SPDA.
Uma prática comum é realizar laudos de aterramento quando há alterações significativas na instalação elétrica, como expansões, modificações ou reformas.
A melhor abordagem é contar com a orientação de um profissional qualificado, como um engenheiro eletricista, para avaliar as condições específicas da instalação e recomendar a periodicidade adequada para os laudos de aterramento.
Laudo de aterramento x SPDA
É importante lembrar que o laudo de aterramento pode ser feito isoladamente ou em conjunto com o laudo de SPDA (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas).
Isso porque o aterramento é uma das três partes do SPDA. Esse sistema de proteção contra raios é composto por captores (os para-raios), condutores de descida até o solo e malha de aterramento, que dissipa os raios na terra, evitando danos à edificação.
Geralmente, edificações residenciais e pequenas empresas possuem apenas o sistema de aterramento como proteção contra raios.
Mas grandes empresas, indústrias e comércios com grande circulação de pessoas necessitam de um SPDA completo para terem seu alvará de funcionamento liberado por órgãos como o Corpo de Bombeiros.
Por isso, as grandes organizações geralmente possuem Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas completo e realizam o laudo de aterramento periodicamente em conjunto com a avaliação do SPDA.
Veja mais sobre o laudo de SPDA no link a seguir!
LAUDO de SPDA: o que é, quando fazer e como ele ajuda a evitar multas?
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Esperamos ter ajudado. Obrigado pela visita e até o próximo post!
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